Colcha de Retalhos

"O homem é um deus quando sonha e não passa de um mendigo quando pensa." Holderlin

Textos

A BAILARINA ENCANTADA - Bruna Dias do Carmo Costa

Encantamento! Não há outra palavra que defina melhor o estado que a alma alcança ao ler A Bailarina Encantada da jovem escritora Bruna Dias do Carmo Costa. Depois de ler vários contos de Andersen, a autora escolheu um e fez uma releitura, trazendo sua problemática para o presente.

A história de uma menina humilde que ganha uma caixinha de música com uma bailarina e a partir de então transforma o presente no sonho real de ser bailarina. O falecimento precoce do pai e a necessidade de deixar a escola para trabalhar como bóia-fria no corte de cana com a mãe não são motivos para afastar a protagonista de suas noites estreladas à beira do lago. Um dia, como num sonho, uma estrela cai nas águas e um forte clarão abre uma porta para o mundo mágico onde os sonhos são realizados. Palco iluminado, teatros, o reencontro com o pai... Mas a fantasia desaguou numa triste realidade. A menina Lia, Pretinha, afogou-se no lago com um sorriso nos lábios.

A Bailarina Encantada ganhou o prêmio Hans Christian Andersen 2005, realizado pela Universidade de Passo Fundo – RS, e propiciou à autora a realização de um sonho: uma viagem para Copenhague e Odense na Dinamarca, visitando os lugares onde o escritor viveu e compôs os seus contos de fadas.

Como bem definiu a coordenadora do Prêmio UPF Hans Christian Andersen 2005 no prefácio: “Quem lê é sempre premiado: aumenta seu conhecimento e sua sensibilidade.”

Qual o conto inspirador...? Hans Christian Andersen escreveu A menina dos Fósforos em homenagem a sua mãe que quando criança era mandada às ruas para pedir esmola, mas, em vez de mendigar, escondia-se debaixo das pontes da cidade, aquecendo, com as mãos, os pés descalços com medo de voltar para casa. A compaixão pela sofrida infância da mãe e a revolta com a sociedade de seu tempo inspiraram o grande escritor para um conto de fadas revelador. O único final possível, a morte da pequena vendedora de fósforos, encontrada numa manhã extremamente fria com um sorriso nos lábios e com os fósforos riscados na mão, emociona a todos e torna necessária a reflexão sobre os desprotegidos.

Bruna Dias do Carmo Costa conseguiu resgatar a emoção do conto de fadas A menina dos fósforos e estimular a percepção para a sensível realidade de muitas crianças brasileiras.

Encantamento! A primeira publicação da jovem escritora já é a promessa de um grande nome de nossa literatura.
Helena Sut
Enviado por Helena Sut em 22/08/2006


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